domingo, 11 de dezembro de 2011

Geopolítica e Quadrinhos: Especial Mafalda



Para quem me conhece, não preciso nem descrever o Amor incondicional que tenho pela Mafalada e se um dia tiver uma filha será o seu nome, eu sei que ela sofrerá Bullying na escola, mas como a personagem original sempre terá uma visão critica e uma lição de moral a cada fala ou gesto, seria o orgulho de qualquer Pai.

O porquê amo tanto?


Devido  importância da Mafalda no período da Guerra Fria, pois com simplicidade, foi exposto a ideologia e o sentimento de vários países e militantes políticos que sofreram com os regimes ditatoriais, com a simplicidade de uma criança. 


Grande parte das representações que aparecem em histórias são socialmente construídas a partir de elementos do mundo real com base em uma narrativa orientada para fins políticos. As Historias em Quadrinhos (HQs) foram objetos utilizados ideologicamente para identificação de repertórios culturais, reproduzindo os dilemas e paradoxos da Guerra Fria.

Costumo definir que o Mundo vivenciou duas  Ditaduras simultaneamente em quase todo o Planeta a Ditadura Capitalista liderada pelos EUA e a Ditadura Soviética lideradas pela URSS.


Esse controle hegemônico afetou consideravelmente todo o ambiente cultural da época. A indústria cultural de massa não ficou de fora e foi atravessada por anseios de todos os gêneros nessa época. Jornais, filmes, pinturas, posturas políticas e até a família, são exemplos de questões influenciadas pela eminente catástrofe nuclear.
A mesmo tempo que a cultura de massas produzia material para tentar “controlar” ideologicamente a opinião pública, demostrando que o comunismo é isso ou o capitalismo e aquilo  outro, surge o movimento de Contra Cultura. Na qual Estudantes, Artistas, políticos ator entre outros atores sociais tentam demostrar um mundo a partir de um olhar diferenciado.




E é nesse contexto que o desenhista Argentino Quino (Joaquín Salvador Lavado) cria a personagem
Mafalda as histórias, apresentando uma menina preocupada com a Humanidade e a paz mundial que se rebela com o estado atual do mundo, apareceram de 1964 a 1973, usufruindo de uma altíssima popularidade na América Latina e Europa.



Mafalda nasceu numa época em que os Beatles tocavam em todas as paradas, e ela é fã incondicional desses  cantores simultaneamente no período em que a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã estavam acontecendo.





 A ditadura estava se instalando nos países latino-americanos, e a censura, à imprensa passaria a fazer parte da vida de todos.
Porem a grandiosidade da obra e que Mafalda faz criticas sociais fantásticas, sempre com um olhar humanitário e a inocência de uma criança, sua primeira tirinha fora publicada  a quase em 1964, destacando problemas sociais desse período, mas ao lermos hoje em 2012 (48 anos após sua publicação) nos surpreendemos como a atualidade de sua indignação e contestação que ainda esta presente no coração da sociedade critica.


O Livro “Toda Mafalda: da primeira a ultima tira” na minha humilde opinião é uma obra que todas as pessoas do planeta devam ler ao menos uma vez na vida, pois a cada tira aprendemos muito com esse grupo de personagens que envolve o universo da Mafalda, e o mais maravilhoso é que a leitura da mesma tira possibilita varias interpretações, pois ela se torna muito ambígua, e dependo do seu estado de espirito ao ler novamente tem-se quase sempre uma nova interpretação. Cito-me que diariamente quando vou ao trabalho ou chego de volta e leio a “Mafaldinha” sempre aprendo algo novo indiferente se já é a milésima vez que leio o livro.


Quino coloca Mafalda como centro da obra mas cada personagem que aparece é um estereótipo da sociedade as vezes nos identificamos com Manolito, Filipe, Susanita, Papá, Mamã, Guille, Miguelito, Liberdade, Burocracia entre outros personagem incluídos no universo de nossa protagonista.
A seguir farei uma análise simplificada dos principais personagens.



Mafalda: A personagem principal, uma menina de seis anos de idade, que odeia sopa e adora os Beatles e o desenho Pica-Pau. Ela se comporta como uma típica menina na sua idade, mas tem uma visão aguda da vida e vive questionando o mundo à sua volta, principalmente o contexto dos anos 60 em que se encontra. Tem uma visão mais humanista e aguçada do mundo em comparação com os outros personagens, concordo com Umberto Eco, que define Mafalda como um adjetivo “contestadora” e sempre emocionante   quando ela fala com o Planeta Terra, sobre no seu banquinho e fala com todos, ouve e briga com seu radio de pilha e sonha em acordar e saber que no mundo reina a paz e a bondade.


A questão da repulsão que a Mafalda tenha pela acredito ser de suma importância  para analise pois visualizo que odeia devido a ser algo imposto, lembrando que Mafalda nasce em um período de transição entre o governo democrático Argentino e a Ditadura Militar no Pais e na América Latina, já seu irmão Guille também tem um tom contestador igual ela , porem já adora sopa, ai faço a reflexão, quando Guille nasceu ele já estava inserido no Governo Militar não conheceu outra forma administrativa entra no ufanismo de amar o seu Pais e sistema de governo.


A personagem ao mesmo tempo em que é uma criança e tem sonhos simples e adora brincar, e ouvir Beatles e ver o desenho Pica-Pau não se conforma com o decorer da sociedade como podemos verificar em algumas tirinhas a seguir nas tiras.


























Papá (Pelicarpo): Ele é o  Pai da Mafaldinha e Guille trabalha numa companhia de seguros, adora cultivar plantas em seu apartamento e entra em crise quando repara na sua idade, tem uma vida simples e uma visão Alienada das coisas, e sempre que Mafalda faz uma pergunta, a menina a conduz para assuntos além do seu imaginário, assim ela ama e teme os questionamentos de sua filha.


















Mamã (Raquel): Mae da Mafalda e Guille, Típica dona de casa, não completou os estudos (por isso é vista como medíocre pela Mafalda), entra em conflitos com a filha quando prepara sopas e macarrão. Raquel visualiza a filha e projeta seus sonhos porem tem medo do mundo que ela vai enfrentar uma vez que é muito contestadora, mas em algumas tiras visualizamos o quanto Raquel não quer que Mafalda seja igual a ela.











Filipe: É um dos melhores amigos da Mafalda sonhador que odeia a escola, mas que frequentemente trava intensas batalhas com sua consciência e seu senso nato da responsabilidade, ele é apaixonante pois por vezes penso que como seria bom o mundo se a sociedade fosse sonhadora e simples assim como esse pequeno cowboy.














Manolito (Manuel Goreiro "Manelito")  Adoro ver esse garoto , pois é a personificação da sociedade capitalista. Filho de um comerciante, mais preocupado com os negócios e dinheiro do que com outra coisa, não gosta dos Beatles e é um estudante que tira notas baixas (menos em matemática, por causa das contas que aprende no mercado do pai). Representa o conservadorismo capitalista na obra, apenas pensando no lucro do armazém de seu pai. Também adora inflações dos preços, pois assim acha que está lucrando. Temos que aprender que mesmo com ideologias totalmente distintas consegue conviver brincar e ser um ótimo amigo para Mafalda.


















Susanita (Susana Beatriz Clotilde Chirusi).Uma menina fútil. Seu único objetivo na vida é encontrar um marido rico e de boa aparência quando crescer e ter uma quantidade de filhos acima da média. É uma grande fofoqueira e egoísta, e sempre encontra um jeito de falar sobre o vizinho do irmão da cunhada de alguém, tem inveja da Mafalda mas ao mesmo tempo em diversas tira mostra o Amor e a necessidade de uma pela outra, pois necessitamos do diferente para nos completar.


















Guille "Gui" (Guillermo): O irmão caçula da Mafalda, esperto para sua idade, é retratado como uma criança que começa a perceber o mundo, ele é uma Mafaldinha em miniatura e suas tirinhas por vezes são até mais criticas do que da própria protagonista mas com um ponto de vista ingênuo e maravilhoso, porem como citei anteriormente já adora sopa, ai faço a reflexão, quando Guille nasceu ele já estava inserido no Governo Militar não conheceu outra forma administrativa entra no ufanismo de amar o seu Pais e sistema de governo.





















Miguel "Miguelito" Amigo de Mafalda,(sempre torci para se tornar namorado dela) um pouco mais jovem do que os outros. Filho único, com uma personalidade única, mas com um coração enorme. Miguelito tem dificuldade de compreender o que Mafalda pensa, sempre entendendo os conselhos de sua amiga de maneira literal. Além disso é um personagem egocêntrico, que parece achar que o mundo gira à sua volta, mas nunca demostra egoísmo e sim bondade.















Liberdade (Libertad) Uma minúscula menina. Todos fazem o comentário óbvio sobre seu nome. Gosta das coisas simples da vida e seus pais são jovens idealistas, a mãe é tradutora, o pai trabalha em um "empreguinho", por isso moram em um pequeno apartamento, uma das personagens mais emblemáticas acredito que Quino quis demostrar como era minúscula a liberdade no mundo mas que era bela e necessária, os fica nítido nas tirinhas que a Liberdade é filha de Comunistas, porem que se adaptaram ao sistema para sobreviver. E a Mafalda tem orgulho da Mae da Liberdade por ter estudado e trabalhar, “um grito pela independência feminina.”



























Burocracia: É a tartaruguinha dada por seu pai a Mafalda e Guile. Foi batizada por Mafalda por ser tão vagarosa, uma ótima sacada pois e como acredito que todos visualizamos a burocracia “ mais lenta que uma tartaruga”.








Referencial bibliográfico 




LAVADO, Joaquim Salvador (Quino). Toda Mafalda, da primeira a última tira. São Paulo: Martins Fontes,1991.

Imagens 

Google imagens 


2 comentários:

  1. A Mafalda é maravilhosa ^^
    Adorei o post ^-
    Calvin & Haroldo próximo *-* ?

    ResponderExcluir
  2. Querida Luma Banel, logo postarei a continuação da analise da mafaldinha e sim Calvin & Haroldo e X-mam serão os próximos, obrigado pela atenção.
    Alan Ribeiro

    ResponderExcluir